FUGITIVOS – CAPÍTULO 16

Carlos descansava soltando suspiros longos. Lisa havia subido para o primeiro andar e não voltara. Estaria avisando ao chefe? 

Os policiais ao redor o recepcionavam com preocupação. Era óbvio que estavam aflitos com seu desaparecimento, mas o seu retorno traria algumas respostas para o caso – ele achava isso. 

O subchefe regozijou silenciosamente sua vitória. Ele havia sido salvo por Wark. Omitira esse detalhe da sua história trocando o pequeno orelhudo por um fazendeiro inexistente. Embora todo mundo tivesse visto as catástrofes causadas por Arbost, manter Wark escondido ainda era prioridade. Afinal, ninguém ia querer o governo inteiro perguntando de onde viera a pequena criatura. Já bastava as cidades vizinhas e o próprio FBI que estavam tentando desvendar tudo que tinha causado a destruição de Castle Rock. 

Carlos, Jailson, o prefeito e o governador conseguiram despistar a atenção deles de Arbost e Injitus. Todo fenômeno paranormal foi trocado por um robô gigante que desvatara a cidade junto com uma equipe de terroristas. Levou algum tempo para especificar tudo, mas por sorte o FBI acabou mordendo a isca. Agora eles estavam atrás do tal robô gigante – ou androide, como Jailson costumava dizer sofisticadamente. Entretanto, assim que acabassem com os assassinos da filha de Robert, o subchefe iria empreender uma caçada feroz ao facínora Arbost. Aquele desgraçado precisava pagar por seus crimes. 

– Ei Doug – ele chamou um policial próximo – Vá chamar, Lisa e o chefe, por favor.

– O chefe acabou de sair, senhor. Por isso estamos atônitos, ele, Martin, Luke e outros cinco policiais saíram para resgatar o senhor.

– Como é?

– Capturamos dois bandidos que estão trabalhando com um grupo responsável pela morte da filha de Robert. Eles deduraram o lugar onde o senhor estaria preso.

– Uma armadilha! – disse o subchefe.

– Acabamos de enviar dois homens à procura deles.

– Chame a oficial Dias imediatamente. Se eles tiraram a atenção de Jailson da delegacia é bem provável que nos ataquem.

– Vou chamar a oficial e alertar todos os homens.

Entretanto, a cabeça de Doug foi explodida em mil pedaços por tiro de calibre 12 disparado por Edward Boone.

– Se protejam! – gritou Carlos.

Marcos Aurélio apareceu ao lado do primeiro com uma metralhadora. Um sorriso se abriu no rosto do bandido enquanto as balas caiam no chão e o som agudo da arma se expandia por todo salão.

Policiais caíram feridos e outros mortos. Carlos saltou para dentro de um quarto por uma janela. Sentiu uma tontura repentina, mas não havia sido atingido. A metralhadora tinha parado. Algum policial agonizava – ele constatou pelo ruído de dor – e Edward Boone estourou os miolos dele – o subchefe conseguiu ouvir o barulho.

– Malditos, cães do inferno – murmurou fechando o punho.

– Onde está o subchefe? – era a voz de Marcos.

– Deve estar entre os mortos.

– Me ajude a identificar. Deve ter uns quinze policiais aqui.

– Foi você quem atirou como um louco. Eu não irei ajudar em nada.

– Seu maldito filho da mãe! Drak disse para identificarmos os corpos!

– E você acha que vou ficar obedecendo aquele pedaço de merda para sempre?

Carlos ouviu gritos lá fora. As pessoas deviam estar correndo depois do tiroteio.

– Vamos parar com essa briga, bando de amadores.

O subchefe tremeu. Era a voz de Francisco.

– Veja só quem está falando, você fracassou na captura de Carlos – disse Marcos.

– Não estamos aqui para julgar quem fez melhor ou quem deixou de fazer. Temos um serviço a fazer. Drak disse que quer todos mortos. Onde está o Carlos? Quero a cabeça dele!

– Marcos metralhou todos. Olhe essa pilha de corpos – resmungou Edward.

– Vamos procurar – disse Francisco – Eu terei a cabeça dele na minha estante.

Enquanto os bandidos estavam distraídos, Carlos passou rasteiramente para o primeiro andar. Dois policiais estavam mortos na escada. Igor e Pedro. Quanto tempo tinham de trabalho? O subchefe sentiu suas mãos tremerem. Pedro tinha um filho de cinco anos. Ele puxou o revolver da cintura de Igor. A arma balançou na sua mão.

– Desgraçados.

Mas a cena seguinte o pegou de surpresa. No fim da escada estava o corpo da oficial Dias ao lado de uma poça de sangue. Ele correu ao encontro dela. Checou a pulsação. Era muito fraca, mas ainda estava viva, não por muito tempo. Ele precisava retirar Lisa da delegacia o mais rápido possível. E Carlos Oliveira, o subchefe de Castle Rock durante oito anos, um homem que não tinha deixado Franscisco Chagas, Denis Orton e Ray Parker – estrupadores e assassinos -serem condenados à pena de morte. Este homem só via uma opção a sua frente: matar os bandidos para salvar a vida da oficial Dias.

 

CONTINUA…

 

POR NAÔR WILLIANS

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